Mediadores crescem dentro de escolas mesmo com as dificuldades da educação inclusiva

Com a alta demanda de diagnósticos, profissionais ganham espaço nas salas de aula e garantem parcerias com colégios

RIO – Se você procurar o significado da palavra “mediar” no dicionário vai encontrar “dividir ao meio”, “estar no meio”, “distar igualmente”. E é seguindo à risca uma definição que nunca foi tão bem aplicada, que profissionais que atuam como mediadores vem ganhando um papel fundamental na rotina escolar, não só para crianças com necessidades especiais mas também para alunos com dificuldades de aprendizagem.

Magda Narcisa auxilia a aluna Jília Sena, do Sion – Fábio Rossi / Agência O Globo

— Nosso objetivo é estimular o interesse da criança às situações sociais, ensinando como participar, compartilhar e interagir com o grupo, sendo capaz de facilitar a compreensão do conteúdo pedagógico — explica a fonoaudióloga, psicomotricista e especialista em educação inclusiva com prática em mediação escolar, Vanessa Schaffel.

Embora uma lei federal já determine, desde 2009, que toda escola deve aceitar crianças com necessidades especiais, a realidade ainda é muito diferente. Alguns colégios, no entanto, já se adaptaram a novidade. É o caso do Sion, no Cosme Velho, que contratou a coordenadora de educação especial Lúcia Miranda para fazer a interface de forma técnica com mediadores terceirizados. A equipe conta com Magda Narcisa, que acompanha este ano pela primeira vez a aluna Júlia Sena, do 6º ano, que tem déficit cognitivo.

— No início foi uma novidade para todo mundo, mas, sem dúvida, o acolhimento da escola foi um diferencial. Temos uma sala de recursos para ser usada da forma mais confortável com ela e ganhamos até mesmo a confiança dos professores que atuam em sala de aula, seja trocando experiências ou dividindo tarefas. Atuamos em conjunto para uma melhor forma de adaptação entre os alunos — relata Magda.

A parceria entre escolas e mediadores não é uma tarefa muito simples, mas vem melhorando com o tempo, segundo Vanessa Schaffel.

— No inicio, há uns 10 anos atrás, foi tudo muito difícil, pois as instituições tinham receio de aceitar a inclusão. Atualmente, elas tiveram que se adaptar e hoje estabelecem parcerias. Como a demanda dos diagnósticos aumentou, a demanda da inclusão também cresceu e fez com que os colégios corressem atrás. Futuramente, espero que as escolas acrescentem ao quadro de funcionários um profissional especializado para monitorar tudo de perto. Deve haver um integração entra as áreas da saúde e educação, que trabalhem os aspectos comportamentais e pedagógicos juntos. Nossa maior objetivo é fazer a criança se enquadrar na rotina, mas a escola tem que se adaptar aquela criança também — defende a especialista, que ministra curso sobre o papel do mediador escolar no próximo dia 8 no Shopping Nova América, em Del Castilho (mais informações: mediadorescolar@ig.com.br).

Diferentemente de algumas instituições cariocas, o Centro Educacional Anísio Teixeira (CEAT) trabalha desde a sua fundação com profissionais qualificados para atender as mais variadas necessidades dos alunos. Há mais de 20 anos na escola, Rita Ribeiro explica que a equipe é formada por psicopedagogos, psicólogos e professores com especialização em necessidades especiais.

— Não usamos os termos “mediadores”, “facilitadores” ou “integradores” no CEAT. Somos professores de apoio para várias crianças, incluindo as com necessidades especiais. Adaptamos o conteúdo de acordo com o grau de dificuldade e entendimento de cada aluno, que para gente é único — garante.

A diretora Emilia Maria Fernandes destaca ainda que o trabalho exige muito preparo e que, de uns anos para cá, a escola garantiu um professor por série para garantir um trabalho individualizado.

Matéria publicada em: http://oglobo.globo.com/rio/bairros/mediadores-crescem-dentro-de-escolas-mesmo-com-as-dificuldades-da-educacao-inclusiva-14391007

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